quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Crise? Onde?

Não sobra dúvida de que a palavra do ano - quiçá, da década, foi a "crise". Usou-se - até abusou-se dela. Meios e veículos de comunicação e política deram mais que considerável destaque a ela, só não a elegendo como a número um, porque ainda não há, no Brasil - creio, um "ranking" de palavras mais utilizadas em noticiários e crônicas. Jornalistas e políticos - principalmente, os de oposição, foram mestres em criar crises, vendo-as até mesmo no mais simples debate de idéias, onde os posicionamentos adversos, as opiniões contrárias, os pontos de vista antagônicos são comuns e até indispensáveis. Da discussão sempre surgirá - senão um ponto final, pelo menos um norte, um rumo a ser perseguido, em busca de horizontes mais consistentes. Não seria esse, portanto, o fim do debate democrático? Quem teria - ou tem, a proposta ideal, correta, certeira? Com quem estaria a verdade, o único, o imutável? Portanto, se não há esse "perfeito", esse "imexível", esse "irretocável", por que, então, não se saber lidar com os "imperfeitos", "mexíveis" e perfeitamente "retocáveis"? Ora, torcer para que a crise se instale é desejo de mesquinhos, intolerantes e boçais. Crise somente entre irreconciliáveis, mesmo assim, mediante atestado de não conciliação. O Ministro que disacorda do Presiente da República não estabelece uma crise, mas pode iniciar um debate rico e proveitoso, desde que bem conduzido, podendo-se chegar a conclusões abrangentes e duradouras. Afirmo que "as crises" do ano passado não trouxeram nenhum benefício ao país. Não mergulharam - conforme esperavam os "criseiros", o Brasil em uma ou em várias crises. O país prossegue seu caminho. Em 2009, os tecedeiros de "crises" se deram muito mal.

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